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METODOLOGIA

A partir das visitas, análises e reflexões a respeito dos polos varejistas de rua, os pesquisadores elencaram os principais segmentos varejistas presentes nestes polos para mapeamento na cidade de São Paulo:

  1. Bancos
  2. Farmacias
  3. Minimercados
  4. Fast Food
  5. Eletrocasa
  6. Chocolaterias
  7. Cosmeticos

Após a definição dos segmentos, foram elencadas as principais redes varejistas de cada um deles, pois estas disponibilizam seus dados exatos de localização. No caso dos bancos foram mapeadas 100% das agências abertas. Para os demais ramos foram escolhidas as redes com maior número de lojas. No segmento de cosméticos levantou-se exclusivamente a rede varejista O Boticário, que conta com o maior número de lojas de rua no Brasil, não havendo concorrentes que se aproximem em quantidade de estabelecimentos.

No total foram mapeados 3.918 pontos de varejo explicitados.

Após busca, sistematização e georreferenciamento das informações foi possível identificar no mapa as concentrações e diversidade de atividades. Após a identificação foi realizada a contagem do número de atividades diversas ali presentes e, com isso foram identificados:

424 Polos Varejistas não Especializados de Rua

O número de segmentos diversos presentes em cada território, sempre considerando que deveriam estar concentrados, levou a uma classificação e hierarquização de 3 tipologias diferentes de Polos Varejistas de Rua não especializados. Como critério para esta contagem, cada segmento foi considerado apenas uma vez, independente da presença de duas ou mais redes.

Os Polos Varejistas não Especializados de Rua foram classificados em 3 níveis:

nível 1 concentra ao menos 6 das 7 atividades mapeadas

nível 2 concentra entre 4 e 5 atividades mapeadas

nível 3 concentra os demais polos com a presença de 1 a 3 segmentos.

Na cidade de São Paulo estão mapeados:

23 polos de Nível 1

68 polos de Nível 2

333 polos de Nível 3

Índice de qualidade do espaço urbano

As pessoas que melhor conhecem a cidade são aquelas que têm um melhor domínio da sua estrutura viária, a partir da qual os outros elementos, como construções e espaços livres, se organizam e se relacionam criando um conjunto plenamente reconhecível, individualizado, com forte potencial de simbolismos. As ruas podem assumir características importantes na identidade das pessoas.

A prática do comércio de rua ao dinamizar o fluxo de pedestres, agregando usuários com interesse comum nos polos de atividades, caracteriza e potencializa a rua de sua incidência atribuindo forte imaginabilidade.

Essas ruas são conhecidas e destacadas pela comunidade dentro dos bairros, e por vezes da cidade devido a relevância da dinâmica que possuem. Associar diversidade de uso urbano a essas ruas criam condições muito propícias e favoráveis à vivência, em círculo virtuoso.

Essas boas práticas são observadas, empiricamente, como fatores que influenciam a dinâmica e a vitalidade do comércio de rua.

A qualidade da caminhabilidade deve iniciar pelo desenho da rua, criado através da volumetria que a conforma e pela conectividade que a rua estabelece com o tecido urbano. A diversidade de construções é importante para estabelecer variedade e dinamismo; a altura dos edifícios é importante para instituir atmosfera de acolhimento, e a permeabilidade de transpassar física e visualmente as fachadas são fatores de sociabilidade, de receptividade, e de conexão.

As árvores de rua são fundamentais para o conforto do pedestre e à urbanidade. No aspecto microambiental, oferecem sombreamento que estimula o caminhar, reduzem a temperatura do ar e aumentam a umidade relativa, absorvem e retêm águas de chuva, absorvem material particulado emitido pelos escapamentos, conduzem e controlam os ventos, podem compor com as copas dossel verde, podem abrigar a avifauna. Árvores melhoram a imagem da cidade. Pelo forte impacto na caminhabilidade, árvores de rua têm sido associadas a melhorias significativas no valor dos imóveis como na viabilidade do varejo.

O espaço público se qualifica pela atratividade cumulativa e sinérgica atribuída pela multiplicidade de usos e funções, especialmente entre as construções e o espaço livre, ao nível dos sentidos da percepção humana, na pequena escala.

A urbanidade pressupõe a relação entre pessoas e espaço urbano, comportamento e civilidade. A metodologia apresentada para fundamentar os polos de varejo de rua de São Paulo busca identificar atributos espaciaiscomo o dimensionamento de ruas e calçadas, a variedade de atividades e usuários, a densidade populacional e as sensações de prazer proporcionadas pelo espaço urbano.

metodologia

Três conceitos-chaves estruturaram a investigação a respeito da qualidade urbana nos territórios onde se localizam os polos de varejo de rua:

  1. Conectividade
  2. Diversidade
  3. Conforto

E a partir destes conceitos-chaves, oito categorias de análise espacial foram desenvolvidas:

1. Equipamentos Urbanos

2. Acessos

3. Rua x Edifício

4. Usos

5. Arquitetura

6. Sensorial

7. Passeio

8. Segurança Física

1. Conectividade: equipamentos urbanos, acessibilidade e relações rua x edifício

Um bom espaço público atrai e promove acesso e a permanência de usuários ao local, portanto, parte-se do entendimento que a presença de equipamentos urbanos, a acessibilidade ao polo e suas edificações, contribuem para bons parâmetros de urbanidade.

Há equipamentos urbanos nas proximidades do polo? Essa questão induz verificar a presença de indicadores como praças, parques, escolas, universidades, clubes, dentre outros, capazes de atrair e intensificar o fluxo diário de pessoas nos polos.

Existe infraestrutura ou intermodalidade de transporte público no polo ou na região?

Como o polo se conecta à cidade?

Como as ruas do polo se ligam ao entorno imediato?

Existem faixas de pedestre e sinalização nos cruzamentos?

As perguntas indicam como as ruas do polo se comunicam com o entorno próximo, atraindo e facilitando o acesso de usuários ao local, seja com veículos motorizados, bicicletas ou mesmo pelo simples caminhar.

Para tanto, verificamos a continuidade do desenho das ruas do polo em relação ao tecido urbano da região, a presença de barreiras urbanas como viadutos e linhas férreas ou a disponibilidade de vagas para estacionamento de veículos e bicicletas.

Os edifícios dialogam com a rua?

Há permeabilidade entre o edifício e a rua?

Essas questões tem o objetivo de verificar como a relação estabelecida entre a rua e o edifício podem contribuir para o acesso de usuários ao comércio e serviços oferecidos pelas edificações do polo.

A existência de recuos frontais nas edificações ou de fachadas ativas nos edifícios buscam compreender também a qualidade do diálogo estabelecido entre os edifícios e as ruas.

Diante deste quadro, a conectividade dos polos é investigada a partir de três categorias:

  1. Equipamentos Urbanos
  2. Acessibilidade
  3. Relação estabelecida entre a rua e os edifícios

2. Diversidade: atividades e arquitetura

A dinâmica e a vitalidade de um espaço público requerem, em grande parte, da diversidade de pessoas, usos e atividades, e da tipologia das edificações existentes no local.

Existe variedade de comércio e tipos de serviços no polo?

Funciona em diferentes horários do dia?

É possível acessar diversas atividades no mesmo polo?

Estas perguntas têm o propósito de verificar a variedade de usos e atividades proporcionadas pelo comércio e serviço de um polo de varejo. Neste sentido, investiga-se a presença de alguns indicadores como a diversidade de usos na edificação e o horário de atendimento dos estabelecimentos de varejo encontrados nos polos

Existe variedade arquitetônica no polo de varejo?

A questão colocada direciona a análise a respeito da tipologia dos edifícios que compõem o polo de varejo, buscando identificar a idade e a variedade arquitetônica das edificações.

Desta maneira, considera-se três categorias capazes de promover a diversidade nos espaços públicos, ao torná-los espaços mais dinâmicos e heterogêneos:

  1. Pessoas
  2. Atividades
  3. Arquitetura

3. Conforto: sensorial, passeio e segurança

Um espaço público confortável não somente atrai as pessoas a um determinado lugar, mas também é capaz de proporcionar e estimular a permanência dos usuários.

A idade variada dos edifícios, assim como a diversidade estética e de uso das edificações costumam contribuir para atrair um público mais diversificado ao local.

Jane Jacobs, ao referir-se às cidades americanas, afirma que todos os tipos de diversidade, intrincadamente combinados e mutuamente sustentados são necessários para que a vida urbana possa funcionar adequada e construtivamente, de modo que a população possa preservar (e desenvolver ainda mais) a sociedade e a civilização.

A experiência sensorial, olfativa e/ou térmica é agradável?

Esta questão direciona compreender qualificações do espaço urbano capazes de influenciar na percepção sensorial dos usuários do polo. Considera-se como indicadores a limpeza do lugar, a arborização, proteções contra o sol ou a chuva, calçadas livres do excesso de poluição visual, edifícios em bom estado de conservação e adequados à escala do pedestre, dentre outros.

As calçadas são agradáveis para o passeio?

Esta questão tem como propósito verificar elementos relacionados à pavimentação das ruas capazes de influenciar na qualidade da caminhada sob a ótica do pedestre. Neste sentido foram definidos alguns indicadores como a largura e a faixa livre para o passeio nas calçadas, o estado de conservação do piso, o rebaixamento de guias, as entradas de veículos, etc.

Sente-se seguro quando está no polo?

Esta pergunta busca avaliar a sensação de segurança quando se está caminhando no polo de varejo de rua. Sendo assim, consideram-se indicadores: a iluminação da rua, a existência de extensos muros ou fachadas cegas, a presença de semáforos de veículos e pedestres, faixas de pedestres, dentre outros.